06 - RODOLFO RODRIGUES
12 - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS DO FUTEBOL
Fundada em 12 de novembro de 2023
06 - RODOLFO RODRIGUES
12 - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS DO FUTEBOL
Ruy Carlos Ostermann, ocupante da Cadeira n° 5 da Academia Brasileira de Letras do Futebol (ABLF), agora também é tema de livro publicado nesta quinta-feira (26), em Porto Alegre, por ocasião das comemorações de seus 90 anos. Autor de vários livros sobre futebol, ele agora é biografado pelo jornalista Carlos Guimarães, que conta, com riqueza de detalhes e muito bem ilustrado, a história de um dos principais jornalistas da imprensa esportiva brasileira. A seguir, transcrevemos matéria publicada pelo Zero Hora.
Ruy Ostermann: biografia é lançada em Porto Alegre (Foto: Anderson Fetter / Agência RBS). |
Postado por ZERO HORA
Por Rafael Favero
— As pessoas conhecem muito o Ruy mito, o professor. Existe, por trás, um pai super carinhoso e um cara com gosto pelas coisas da vida. O livro traz a parte humana do Ruy. O que muitas pessoas vão esperar é a revelação do time dele, se está no livro. O que, obviamente, não direi, porque é um spoiler precioso. Mas o que os leitores mais vão gostar é ver que a história do Brasil, ao menos da década de 1930 para cá, passa pelo livro. O Ruy está inserido nela — comenta Guimarães.
Ruy ao lado de seu biógrafo, o jornalista Carlos Guimarães (Foto: Rogério Fernandes / Divulgação). |
Trajetória
Ruy Carlos Ostermann foi muito além de um comentarista esportivo famoso. Até hoje, permanece na lembrança de ouvintes e leitores porque foi único na maneira de atuar. Trouxe para o trabalho jornalístico a visão reflexiva da Filosofia, área na qual é formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Em 1962, deu o pontapé inicial na carreira de cronista, na Companhia Jornalística Caldas Júnior, escrevendo para os jornais Folha da Manhã e Folha da Tarde. Depois de passar também pela Rádio Guaíba, chegou à Rádio Gaúcha em 1978 para chefiar o Departamento de Esportes.
O gaúcho de São Leopoldo, no Vale do Sinos, rompeu fronteiras. Ganhou o mundo duas vezes com a dupla Gre-Nal, em 1983 e em 2006. Coberturas de Copas do Mundo foram 13, de 1966, na Inglaterra, a 2014 no Brasil, quando fez suas últimas participações como comentarista na Gaúcha, em jogos da Seleção Brasileira e em partidas disputadas por outros países no Beira-Rio, em Porto Alegre.
Ruy na televisão durante a Copa da Espanha (Foto: Telmo Cúrcio da Silva / Agência RBS) |
A voz calma e bem articulada descrevia o jogo de futebol para os ouvintes como um professor explica uma disciplina para seus alunos. Estratégia, por certo, dos tempos em que lecionou filosofia no Colégio Israelita Brasileiro e no Colégio João XXIII, na Capital. A personalidade serena, contudo, tornava-se enérgica nos debates do Sala de Redação, programa que mediou por cerca de três décadas.
— Ruy havia revolucionado o comentário esportivo durante a Copa da Inglaterra, em 1966, ponderando prós e contras, sem deixar de reconhecer os méritos dos adversários. No trabalho que realiza desde então, embasa seus argumentos, analisando a partida pelo número de arremates a gol, de chutes, de jogadas bem ou mal finalizadas, de escanteios cobrados ou cedidos, de faltas. Enfim, uma série de detalhes cuidadosamente planilhados que podem ser resumidos em uma única palavra: informação. Bacharel em Filosofia, leva bagagem cultural ao ambiente esportivo, sem deixar de conferir caráter jornalístico a suas opiniões — escreveu o doutor em Comunicação e Informação e professor da UFRGS, Luiz Artur Ferrareto, no blog Uma História do Rádio no Rio Grande do Sul, em 2014.
Nas páginas de Zero Hora, tornou-se hábito de leitura na coluna Gol de Letra. A habilidade nas palavras transpuseram as páginas dos jornais e dos sites e foram para os livros, 11 escritos por ele, no total.
A suas opiniões reverberavam como um gol. Comentários fortes e estruturados que o levaram a participar, por diversas vezes, de programas nacionais, como o Bem Amigos, apresentado por Galvão Bueno, no SporTV.
— O comentário esportivo brasileiro se divide em antes e depois de Ruy Carlos Ostermann — define o ex-comentarista esportivo e apresentador da Rádio Gaúcha Lauro Quadros, contemporâneo de Ruy.
Sofisticado, ponderado, crítico e, até hoje, sem revelar o time do coração. Mesmo assim, foi popular. Tão conhecido das pessoas que acabou eleito deputado estadual duas vezes, em 1982 e 1986, chegando a comandar, mais tarde, as secretarias estaduais de Ciência e Tecnologia e de Educação do Rio Grande do Sul no governo de Pedro Simon.
02 - MAURO BETING
13 - JOSÉ RENATO SANTIAGO
17 - ODIR CUNHA
26 - LUÍS FERNANDO VERISSIMO e RUY CARLOS OSTERMANN
13 – CLÁUDIO ARAGÃO
15 – ERNANI BUCHMANN
30 – PAULO VINÍCIUS COELHO (PVC)
05 - MARIA DO CARMO LEITE DE OLIVEIRA e WAGNER AUGUSTO
07 - CARNEIRO NETO
16 - CELSO DE CAMPOS JR.
31 - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
Postado por Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF)
Campos dos Goytacazes agora tem um representante na Academia Brasileira de Letras do Futebol (ABLF). Wesley Machado é um jornalista apaixonado pelo futebol e tem seis livros publicados e a participação em quatro antologias sobre o assunto. No dia 4 de junho de 2024, ele foi eleito para a ABLF, onde irá fazer companhia a nomes do quilate de Benedito Ruy Barbosa, Luís Fernando Veríssimo, Ruy Castro, Juca Kfouri, Mauro Beting e Paulo Vinícius Coelho, o PVC, entre outros. Casado e pai de duas filhas, Wesley é jornalista da UENF, onde também é mestrando em Cognição e Linguagem, com pesquisa sobre crônicas de futebol. É ainda pós-graduando em Literatura, Memória Cultural e Sociedade no IFF, com uma pesquisa sobre contos de futebol.
ASCOM/UENF – Como você está se sentindo com a notícia de integrar a Academia Brasileira de Letras do Futebol?
WESLEY – Estou muito feliz! É uma honra fazer parte desta instituição fundada em novembro de 2023 e que já nasceu grande! Fui eleito para a cadeira 12, que tem como patrono o jornalista Geraldo Romualdo da Silva, que era botafoguense, assim como eu. São 40 cadeiras com escritores de Norte a Sul do Brasil. Participei da minha primeira reunião online na terça-feira (18/06/2024), onde recebi as boas-vindas dos confrades. Teremos uma reunião online mensal e minha posse deve ser presencial no Museu do Futebol em São Paulo junto ao Grupo Literatura e Memória do Futebol (Memofut), do qual também faço parte. Por coincidência ou não, dois dos membros são autores que eu utilizo na minha dissertação do mestrado em Cognição e Linguagem na UENF onde pesquiso crônicas de futebol, que são a Maria do Carmo Leite de Oliveira e o Ivan Cavalcanti Proença.
ASCOM/UENF – O Wesley que é craque com as palavras também é bom de bola?
WESLEY – Na infância, eu jogava bola no paralelepípedo com os amigos do time Mesquitinha, da Rua Professor Mesquita, no bairro da Pecuária. Aí a minha mãe, Ezilane Machado, me colocou para treinar no time mirim do Roxinho, onde fui campeão sub-11 da Copa Jornal A Cidade em 1990. Meu avô materno, Egenildo Barbosa, me levava para as partidas aos sábados no Clube de Regatas Saldanha da Gama, onde eu jogava com a camisa 6 de titular da lateral esquerda do Roxinho. Depois fui para o time do Sesi e cheguei ao juvenil do Madureira de Guarus. Mas eu era um jogador mediano. Então virei peladeiro. Perambulei por vários campos e quadras. Até que em 2002, quando eu cursava a graduação em Cinema & Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói, me destaquei como o artilheiro do time de futsal da turma nas Olimpíadas da UFF. Voltei para Campos, onde organizei por muitos anos a Pelada Anual da Associação de Imprensa Campista (AIC), onde fui diretor de Comunicação. Joguei peladas até os 35 anos em 2016, quando me contundi e decidi parar. Em 2023 fiz meu jogo de despedida com os amigos da rua professor Mesquita da Pecuária e me aposentei da bola. Agora me dedico a escrever sobre futebol.
ASCOM/ UENF – Como foi o incentivo dos seus familiares em relação a essa paixão?
WESLEY – Além do Roxinho, que é uma paixão para mim, por ser onde joguei na infância e ser da região onde já morei e moro atualmente no Parque Esplanada, eu também aprendi a gostar do Botafogo na infância. Ouvia junto do meu pai Fernando Machado os jogos do Fogão no radiozinho de pilha e me apaixonei pelo time da estrela solitária. Assisti a vários jogos do Botafogo pela televisão e em estádios com meu pai e a paixão se tornou amor. O Glorioso me retribuiu com muitas alegrias, como vitórias sofridas e a conquista de campeonatos, e o incentivo para eu publicar livros a partir da minha seleção em 2011 entre as sete melhores crônicas do II Concurso de Crônicas Alvinegras, que resultou na publicação da minha crônica no livro “A magia do 7”, lançado na sede do Botafogo em General Severiano no Rio de Janeiro, o primeiro livro que participei.
ASCOM / UENF – Em que momento você desistiu dos campos para seguir a carreira jornalística?
WESLEY – Meu pai me disse para eu estudar, pois a carreira de jogador de futebol é muito difícil. E, sinceramente, eu não era um craque. Então eu fiz o curso técnico em Instrumentação Industrial na antiga Escola Técnica Federal de Campos (ETFC), onde comecei a escrever para o Fala Galera, jornal dos estudantes da ETFC. Na Federal também passei a frequentar a biblioteca, onde eu lia as crônicas de Luís Fernando Veríssimo no jornal O Globo e foi quando eu descobri o que eu queria fazer, que era escrever crônicas.
ASCOM/UENF – Você é um jornalista apaixonado por futebol, pelo Roxinho e pelo Botafogo. Como foram as primeiras linhas sobre o assunto?
WESLEY – No antigo ginásio no Colégio Cenecista Bartholomeu Lysandro, eu já escrevia tabelas de classificação de campeonatos, em uma época sem internet. Na adolescência, no jornal Fala Galera, dos estudantes da ETFC, eu passei a escrever textos sobre futebol. Mas foi aos 25 anos, no ano de 2007, quando estudava Jornalismo na antiga Faculdade de Filosofia de Campos (Fafic), que decidi pesquisar sobre o clube no qual joguei na infância. Na pesquisa descobri que o meu avô paterno, Fernando Machado, havia jogado nos aspirantes do Campos na década de 1950. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado em 2008 foi publicado em livro em 2012, ano do centenário do Roxinho. Em 2013, com uma reportagem sobre os 100 anos do antigo Leão da Coroa publicada no jornal O Diário, fiquei em terceiro lugar na categoria Interior do III Prêmio João Saldanha de Jornalismo Esportivo, promovido pela Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj). A premiação foi realizada na sede do Botafogo em General Severiano, Rio de Janeiro. Em 2015, novamente na sede do Botafogo, fui premiado com o primeiro lugar na categoria Blogs do I Prêmio Botafogo de Imprensa, com uma crônica sobre o acesso naquele ano. Entre 2020 e 2024, lancei mais cinco livros solos sobre futebol, totalizando seis livros publicados sobre futebol e a participação em quatro antologias de futebol, o que me rendeu a eleição para a ABLF.